28/11/2007

"Lua Branca" (recarregado)

Madrinha Rita na varanda de sua casa na Vila Céu do Mapiá

Em junho de 2005, por ocasião dos festejos dos 80 anos da Madrinha Rita, viúva do Padrinho Sebastião Mota, foi lançada a Revista Virtual "Arca da União" com a devida homenagem realizada por seu conterrâneo potiguar Francisco Nóbrega:

"(...) Madrinha Rita Gregório nasceu em 25 de junho de 1925, filha de Idalino Gregório e Maria Francisca das Chagas, num sítio da Várzea do Açu, no Estado do Rio Grande do Norte. Lá também nasceram os seus irmãos Francisco Gregório, Joana, Manuel, Luísa, Teresa, Júlia e João Batista.

Entre os anos 20 e 40 do séc.XX, esses Antunes Gregório moravam numa propriedade dos Camilos, donos da famosa Fazenda Alemão na Várzea do Açu. Igual a grande maioria dos nordestinos desse tempo, eles não tinham terra própria, nem gado, nem destaque de vaqueiro.
Como padrinhos da primogênita Rita, os pais tomam o casal Julião Camilo e esposa. Já o filho Manuel tomou como padrinho Manuelzinho Montenegro, uma das maiores lideranças.

A Várzea do Açu é hoje muito diferente do tempo em que nasceu e cresceu a família de Rita Gregório, na primeira metade do séc. XX. Naquele tempo não havia a barragem no Rio Açu, uma das maiores do Nordeste brasileiro, inaugurada em 1983, no último governo militar, onde hoje se desenvolve a agroindústria frutífera de exportação, a indústria cerâmica (telha e tijolo), ambas com grande impacto ambiental e menos no desenvolvimento social. Além disso, assim como a Várzea do Açu, o território norte-rio-grandense se tornou uma das maiores bases de extração petrolífera continental da Petrobrás.


Mas o Rio Açu, antes da inauguração da barragem, não era só bonança de fertilidade de solo. Provocava enchentes, destruições, inundando lavouras, afugentando as populações ribeirinhas, rebanhos, soterrando povoados. Em meados dos anos 20, quando nasceu Rita Gregório, a pecuária bovina ainda tinha forte presença naquela várzea. Os ricos fazendeiros e vaqueiros eram os personagens varzeanos mais destacados.
A carnaúba (Copernica cerifera, Mart.) também tinha grande importância econômica nesse tempo. Palmeira nativa do Nordeste, chamada a “árvore da vida”, sua cera tinha largo uso industrial, a palha e talo serviam para fazer a casa, o mobiliário e utensílios da casa do sertanejo. Ainda serve para fazer esteira, bolsa, chapéu, urupema, vassoura e outros utensílios. A sua madeira serve à construção civil, de móveis, currais, cercados, pontes, tubos e bomba d’água. Seu Idalino Gregório arrendava o carnaubal miúdo. Saía cortando, estendendo a palha para secar, tirava o pó, fazia a cera. Os seus filhos e filhas, inclusive a Rita, também ajudavam nesse serviço de coleta. Atualmente, sem mais prestígio econômico, a carnaubeira está sendo ameaçada de desmatamento total na Várzea do Açu, para dar lugar as novas frentes agrícolas, principalmente a fruticultura de exportação.

Se bem chovia, plantavam-se roçados de feijão, milho, jerimum, melancia, a safra dividida, de “meia”, com o patrão, os Camilos. Seu Idalino colhia os seus roçados e ainda trabalhava “alugado” apanhando a safra nos roçado dos vizinhos. Safras de castanha de caju, de algodão, no corte da palha de carnaúba e até na salina na salina, onde o seu filho Manuel trabalhou de cuca (cozinheiro) na salina. Eles também pescavam nas camboas e no mar, e caçavam com cachorro pelos tabuleiros caatinga adentro a pegarem preá, punaré, tejo, peba, marical.


Nos primeiros anos da década de 40, os últimos anos que a família de seu Idalino e Maria Francisca das Chagas viveu na Várzea do Açu, foram anos de secas brabas, o que mais motivou a migração nordestina para o “Amazona”.
Na década de 30 aconteceram alguns fatos políticos marcantes no Rio Grande do Norte e no Brasil, dos quais certamente o povo de seu Idalino Antunes Gregório e dona Maria Francisca das Chagas, os pais da mocinha Rita Gregório, ouviram falar muito: o assassinato do presidente (governador) paraibano João Pessoa, a ascensão de Getúlio Vargas, o movimento comunista da tomada de Natal, a morte de Lampião e a 2ª Grande Guerra Mundial. Com a guerra houve a perda dos seringais da Malásia, que supriam de borracha os aliados, e a única fonte de abastecimento situava-se na Amazônia. Tais fatos iriam mudar a vida desses Gregórios para sempre, e a de dezenas de milhares de nordestinos, que iriam para a Amazônia, convocados para a “batalha da borracha”.

Pelos sertões afora só se ouvia falar de quanto se enricava na borracha.
De abril a agosto de 1943, mais de 4 mil nordestinos entraram em Manaus. Muitos não iam para o interior, desencantados no fracasso da “batalha da borracha”, ficavam ali mesmo iniciando o processo de favelização da capital amazonense, e popularizando o imigrante nordestino chamado “arigó”, que a crônica policial mais ajudou a espalhar a sua má fama. Em 1944 apareceu um agenciador de imigrantes na Várzea do Açu, onde morava a jovem Rita Gregório, seus pais e irmãos. O homem ganhava por cabeça convocando o povo para ir para a borracha. Conta-se que a jovem Rita, então com dezenove anos de idade, era uma alegria só com a decisão familiar de ir para a Amazônia: “Vamos s’embora minha gente, lá é que é a terra para se ganhar dinheiro”. Partiram do sítio Saco, num caminhão tipo pau-de-arara, às onze horas do dia 28 de abril de 1944. É natural que tenha havido lágrima de despedida, mas é certo que houve maior euforia dessa família de seu Idalino Gregório amontoada em bancos atravessados à carroceria do caminhão, coberto de lona, chamado pau-de-arara.

A viagem marítima de Fortaleza a Manaus, previa-se durar quatro dias. O navio a vapor singrou as águas atlânticas em procura de Manaus, apinhado de imigrantes “soldados da borracha”, muitos deles levando suas famílias. O navio ia sendo comboiado por outros militares, pois havia o perigo de torpedeamento nazista.
Depois de Belém, o navio seguiu viagem no grande Amazonas. Quando desembarcaram em Manaus, fazia três dias que tinha saído um navio “gaiola” para Rio Branco, no Acre, para onde seu Idalino pensara ir. Um irmão menor de Rita, chamado João Batista, enfermo, fraco, debilitado da viagem de semanas, não resiste, morrendo ali mesmo em Manaus. A mãe Maria Francisca das Chagas, aflita, depois que sepultou o filho disse que não ficaria mais um dia sequer na cidade. Foi então que chegou um seringalista do Alto Juruá, atrás de cinco famílias para levar para lá. Os filhos de seu Idalino combinaram com o velho, e transferiram o projeto de viagem, que era de ir para Rio Branco, para o Rio Juruá.

Saíram de Manaus em julho e chegaram em agosto de 1944 no destino final da viagem: Eirunepé. O jovem Sebastião Mota de Melo morava num seringal vizinho ao local onde a família de seu Idalino se instalou. Quando o rapaz viu aquela imigrante nordestina de rosto redondo e alegre, não teve dúvida. Era ela a moça para se casar que ele tinha visto em sonho. Sebastião e Rita casaram-se no final dos anos 40.

No período de sete anos que essa família viveu no Juruá, nasceram os primeiros filhos do casal: Waldete, o primogênito, e Walfredo (hoje o Padrinho Alfredo, sucessor de seu pai no comando do CEFLURIS). Em 1951, o velho Idalino mudou-se para Rio Branco, Acre, com a esposa e filhos, entre os quais Rita e seu esposo Sebastião com os filhos (além dos dois mais velhos, tiveram também Maria das Neves, Iracema, Pedro, Ivanildo, Isabel, José, Raimunda Nonata e Marlene). Estabelecendo-se na Colônia Santa Maria, parte da chamada “Colônia Cinco Mil”, próxima a Estrada de Porto Acre, viviam todos como vizinhos, dedicados à lavoura e à pecuária, mas também trabalhando espiritualmente.


Em meados dos anos 60, Sebastião Mota de Mello conheceu o Santo Daime sendo curado pelo Mestre Raimundo Irineu Serra. Começou então a sua iniciação e de sua família na Doutrina do Santo Daime, e Sebastião Mota tornou-se “feitor” (preparador da bebida), dando seqüência a seus trabalhos de cura: em 1974, fundou-se o CEFLURIS sob a liderança natural do Padrinho Sebastião, e desse modo os Gregório de Mello vieram a constituir o verdadeiro clã daimista que temos hoje. (...)"


O hinário da Madrinha Rita foi intitulado "Lua Branca" por conta de um dos seus mais belos hinos, e esse bonito título fez jus à simbiose efetivada entre a mulher Madrinha, sua figura de Grande Mãe e Matriarca, representante da Rainha da Floresta à frente da Divisão Cefluris, e a Lua Branca que sinalizou a presença divina da professora do Mestre Irineu no advento da Doutrina. Conta-se que a Madrinha, quando era mais conhecida como "Dona Rita", nos tempos da Cinco Mil, sempre foi tão humilde e tinha uma presença tão discreta ao lado do Padrinho Sebastião que poucos se davam conta de seu valor espiritual. Foi a partir da criação dos núcleos daimistas no sudeste brasileiro que sua pessoa começou a ser mais reverenciada, e quando o "Céu da Montanha", em Visconde de Mauá, Rio de Janeiro, a nomeou como patrona, já era conhecida por todos como a doce "Madrinha Rita". Após o falecimento de seu amado esposo, ela assumiu a responsabilidade de representar o pensamento do Padrinho, passou a ter um cargo honorário na presidência do Cefluris, e certamente apenas com sua generosa presença ajudou a fortalecer o seguimento do Centro sob o comando de seus filhos os padrinhos Alfredo e Waldete, reinvidicando sempre uma maior união da irmandade.

Seu caderno de hinário resume-se a 25 hinos por ela recebidos, todos de muita força, o último dos quais nos primeiros tempos do Mapiá. Além destes, vários hinos a ela dedicados por seus admiradores compõem um adendo que nos proporciona uma bela visão da trajetória desse Povo de Juramidam liderado por Sebastião Mota Brasil afora. Ela não tem mais querido incluir novos presentes neste caderno para não criar um trabalho a mais para as cantoras do Centro, e como no Dia das Mães seu hinário é cantado oficialmente no Cefluris seguido dos hinários de sua irmã Júlia e de sua cunhada Cristina, estes "presentes da Madrinha" se encontram pouco conhecidos ou "cultivados".

Tivemos problemas com alguns de nossos links, devido ao host gratuito bloquear arquivos muito requisitados, e contamos com a paciência de nossos leitores para que esses links obsoletos venham a ser repostos. Republicamos este post para veicular agora a gravação do "Lua Branca" realizada na Rádio Jagube a 20 de agosto de 2006, com o Padrinho Alfredo e equipe (Rutilene, Gecila, Maria Alice, Roberval, Francisco e Irineu): uma gentileza de Paula Gasparini. Anexamos os hinos presenteados, numerando-os na seqüência do "Lua Branca" pois eventualmente podem ser cantados assim conjuntamente, mas ainda nos faltam no momento letras e cifras destes, e nestes arquivos indicamos apenas cada respectiva autoria. A gravação dos presentes foi realizada no salão da Igreja-Matriz do Céu do Mapiá, havendo nos sido enviada pelo amigo Jaime Wanner.

Lua Branca - Madrinha Rita (hinos do 01 ao 13)
Lua Branca - Madrinha Rita (hinos do 14 ao 25)
Presentes da Madrinha Rita (hinos do 26 ao 50)
Presentes da Madrinha Rita (hinos do 51 ao 68)

14/11/2007

"Os Chamados"

"Eu não me envergonho, pelo contrário, muito me honro de dizer aqui, na presença de qualquer autoridade, na presença de qualquer público, que eu devo ao Mestre Irineu, aos seus ensinamentos, a esta casa, tudo, até a própria existência. A razão de hoje eu ainda viver, eu devo a ele. Tenho certeza absoluta que se ele não tivesse tido compaixão e não tivesse me encaminhado para encontrar uma coisa dessa, eu já teria morrido há muito tempo. (...) [O Mestre era] Também uma pessoa com uma facilidade extrema de comunicação, de fazer amizade: porque era muito educado, o nosso Mestre... Com a mesma atenção que ele dispensava à mais alta autoridade, era com essa mesma atenção que ele tratava o mais humilde também. O Mestre era formado assim dessa natureza. E conversava muito. Às vezes ele estava até assim um tanto fechado, mas ele só queria que alguém por ali contasse qualquer assunto, que ele tomava conta e conversava tardes inteiras. Às vezes a gente se esquecia até de que tinha casa, e quando se lembrava: "Valha-me Deus, tenho que ir para casa." Já horas tantas da noite, ouvindo o Mestre conversar. Ele conversava muito.

Quanto ao aperfeiçoamento propriamente dito dessa doutrina, este se deve única e exclusivamente a ele. Ele pegou essa bebida, como a gente já falou, lá na sua origem, tida como uma coisa grosseira, de qualquer jeito, sabe-se lá como, e tinha até a forma como eles usavam. Aí foi quando ele prometeu que se fosse uma coisa boa ele traria para o Brasil. Trouxe e foi aperfeiçoar, até dar esta denominação: Santo Daime, ou Daime simplesmente. Foi o nosso Mestre quem batizou. O cipó, que tinha diversas denominações, ele batizou como jagube; a folha, que também recebe outras denominações, ele batizou como rainha – que coisa bela! E finalmente foi o responsável assim diretamente para que isso se aperfeiçoasse ao ponto de justamente chegar no que estamos chegando, até cheios de gratidão por realmente ele ter deixado nas nossas mãos um trabalho, uma bebida que tem respaldo nas leis dos homens, desde quando ela foi liberada.

E apesar da gente ainda sofrer muita discriminação – e isso talvez não vá ter a condição de faltar nunca, essa discriminação, até pela incredulidade do mundo profano – a gente já não tem tanto subterfúgio. Eu não sei se mais gente está até procurando esconder, eu não tenho em particular o que esconder. "Você toma Daime?" "Tomo." "Mas rapaz, e finalmente qual é o sentido? "Rapaz, é tão difícil de explicar, mas é tão difícil que por mais que eu queira explicar, no final tu não vai acreditar mesmo... Assim tu tem que tomar." É a saída, não tem outra saída a não ser assim. "Por mais que eu vá tentar dar uma explicação, não tendo nem essa explicação diante de tanto mistério, mas por mais que eu tente, você não vai acreditar. Ao contrário você pode até ir desdenhar. Então vai, rapaz, está lá. Convidar ninguém convida. Não vai esperar que você vai ser convidado. Agora, se procurar tem, vai lá, rapaz, vai lá." É como a gente se sai, não é? Porque o Mestre é que se portava assim dessa maneira. Alguém podia morar há cem, duzentos anos com outra pessoa, dividindo a mesma cama, comendo no mesmo prato e até com a mesma colher, mas caducava, ficava velho e não chegava ao ponto de convidá-la. Convidam-se sim para uma determinada festa seus amigos, seus parentes etc. e tal, mas apenas para participar das festividades. Na hora de ingerir aí é livre e espontâneo."

Esse depoimento do Padrinho Luiz Mendes, disponível no site do Ciclumig, ilustra bem a sua filosofia de vida e a postura fidedigna que se espera dos verdadeiros discípulos do Mestre Irineu. Recomendamos a visita também ao site do Cefli, onde os leitores poderão conhecer um pouco mais sobre a vida e obra do Mestre-Conselheiro Luiz Mendes do Nascimento.

Os hinos que temos agora a felicidade de poder disponibilizar aqui compõem o caderno de Trabalho de Cura do Padrinho Luiz Mendes, intitulado "Os Chamados". Assim como o Padrinho Sebastião Mota tinha seu caderno próprio de hinos de cura e o Padrinho Wilson Carneiro o seu, o Padrinho Luiz Mendes desde os tempos em que presidia o Ciclu no bairro Irineu Serra possuía um caderno próprio, ao qual com o tempo acrescentou outros hinos até chegar a este formato. O trabalho de cura "Os Chamados" faz inclusive parte da programação do "Encontro para o Novo Horizonte" que anualmente é realizado na virada do ano no Seringal Fortaleza, em Vila Capixaba - Acre, sede do Cefli, aproveitando a ocasião do Ano Novo e da festa de aniversário do Padrinho Luiz que, sendo a 4 de janeiro, antecede o festejo dos Santos Reis.

A respeito pode-se ler o artigo "Ciberativismo Transnacional: o Santo Daime e a Preservação da Amazônia", de Débora de Carvalho Pereira Gabrich, e também "Luiz Mendes: Porta-Voz do Mestre e Embaixador da União", de Marcelo Bolshaw Gomes, publicados na revista A Arca da União. O Cefli promete em breve estar disponibilizando a programação do próximo Encontro, e agradecemos aos irmãos de Santa Luzia (MG) a possibilidade de veicularmos essas gravações mp3 cujos originais foram registrados em estúdio, e fazem parte dos cds à venda no site do Ciclumig, como os hinários "O Centenário" e "Novo Horizonte" do Padrinho Luiz Mendes.


Para obter o download dos arquivos zip contendo as mp3 deste trabalho de cura, cliquem em:


Colaboração: Marcus Mantovanelli

07/11/2007

Hinário da Irmã Isabela

Eu estava lá no Céu do Mar, quando fizeram um bolo pro Padrinho Paulo Roberto e pra Madrinha Nonata, na véspera de sua viagem onde pela primeira vez levavam o Daime para os Estados Unidos da América, e quem assumiu o comando da igreja era o casal Paulo e Isabela Coutinho. Também presenciei o momento histórico quando da morte de Chico Mendes os ativistas foram se manifestar diante da Assembléia na Cinelândia, e Paulo e Isabela puxaram uns hinos da floresta representando ali no Rio de Janeiro a Doutrina do Santo Daime, nós estávamos com o Sidney Harz e o Danilo, de farda azul, e foi bonito.

Era muito tocante e bonito o engajamento também ecológico dos primeiros irmãos que se somaram ali na Estrada das Canoas, pois isso ressaltava muito os aspectos fraternos inerentes à Doutrina cristã do Mestre Irineu. Eu passei um tempo muito bom lá nessa época de 1988 e por isso sempre fiquei considerando o Céu do Mar como "meu quartel" no Rio. Mas cada irmão tomou seu caminho, chegando-se mais pras montanhas do Rio de Janeiro, como no Céu do Dedo de Deus, onde a Madrinha Júlia tem uma base forte e também a Madrinha Isabela.

O hinário da Madrinha Isabela faz parte da "caixinha de música" de todas as madrinhas do Mapiá, de quem é filha estimosa e muito amada. Para obter o download das mp3 , clique em:


O depoimento é do Bayer e a colaboração é de Caio Lemos & Paula Gasparini, sempre sempre esmerosos com nossos Cadernos.

06/11/2007

Madrinha Cristina e "A Mensagem"

Cristina Raulino da Silva, a Madrinha Cristina, era casada com o Padrinho Manoel Gregório (Nel), irmão da Madrinha Rita, com quem teve catorze filhos, e foi uma das primeiras a enxergar a estatura espiritual de Sebastião Mota de Melo, seu concunhado, que lhe curou de uma grave doença e lhe desenvolveu mediunicamente no trabalho espírita de mesa que realizava antes mesmo de conhecer o Santo Daime. Nascida em Rio Branco, Acre, a 9 de janeiro de 1938, essa irmã, que foi uma das primeiras seguidoras do Padrinho Sebastião, décadas depois foi nomeada Madrinha do Céu da Santa Maria, na Holanda, que em sua homenagem foi batizado como Ceflucristi, "Centro da Fluente Luz Universal Cristina Raulino da Silva". Fez sua passagem no dia 26 de janeiro de 2005, deixando muita saudades para todos os seus familiares e afilhados.

Lúcio Mortimer conta em "Bença Padrinho - História de Um Homem da Floresta", da participação fundamental do casal Cristina e Nel no surgimento da futura Colônia Santa Maria, primeira sede do Cefluris:

"A localidade que ocupavam era conhecida por "Cinco Mil", constituída por colônias de doze e meio hectares, desmembrados do "Seringal Empresa". Como já foi dito, o baixo custo da borracha determinara o fim dos seringais, principalmente dos que rodeavam Rio Branco. A atividade dos trabalhadores se voltara para a terra. Agora todos queriam derrubar um pedaço da mata para fazer lavoura, criar gado e ter produtos agrícolas negociáveis na cidade. O exótico nome "Cinco Mil" era devido ao preço de cada um destes lotes de doze e meio hectares. Custavam cinco mil "contos de réis", quantia modesta que hoje significaria de quinhentos a setecentos reais, aproximadamente. Naturalmente foi com grande sacrifício e determinação que os Gregórios levantaram os recursos para ali se estabelecerem. Estavam assim repartidos: Manoel (Nel) e Cristina com vinte e cinco hectares, Julia casada com Chico Gregório, doze e meio hectares. Seu Idalino e Dona Maria que viviam com Teresa, única filha solteira, construíram a casa no terreno do Nel. Tinham comprado uma colônia mas a guardavam para presentear a Rita e Sebastião."

Ela própria relata um pouco da história de sua iniciação no Daime na impactante entrevista prestada a Adelise Noal Monteiro, médica e parteira, publicada no site da ONG Amigas do Parto:

"A Madrinha Rita casou com o Padrinho Sebastião, ficaram morando lá [no Juruá]... E o Nel veio pra Rio Branco com o pai dele. A D. Maria Francisca das Chagas e o pai dele, a Júlia, a Tetê e o Nel. Aí vieram morar lá no Rio Branco, perto da gente. Aí eu conheci eles. E por aí começou tudo! Aí casei com ele, com o Nel e fui morar na Colônia Cinco Mil. Aí o Padrinho quis vir aonde estava o seu Idalino com sua família. E veio... Quando ele chegou na Cinco Mil eu tava morando lá. Já tinha a primeira filha que é a Sílvia. Foi quando eu conheci os dois [Padrinho Sebastião e Madrinha Rita]. Quando ele chegou eu já sofria muito, sofria de muita coisa e ninguém sabia o que era. No fim, quando ele chegou, ele já trabalhava no espiritual, sem Daime mesmo. Porque ele começou sem Daime. Com Daime que ele recebeu mais coisas. Aí foi pra minha casa e lá ele viu e começou a me tratar. Fazer aqueles trabalhos e tal... Então, eu senti que fui melhorando daquelas coisas que me perseguiam. A gente quando é espírita, às vezes nem dá fé, chegam aquelas coisas... leva pancada, leva dor, e grita, e... Às vezes são os espíritos... Daí pra cá ele foi me desenvolvendo e tal. Aí fui melhorando e me agarrei com ele, segura mesmo e tô aqui. Sofrendo mas sou feliz. Porque tenho ele no meu coração, entreguei meu amor a ele. Embaixo de Deus, de Jesus e ele na terra que me ensinou. Através de Jesus, mandaram tirar eu daquela escuridão que é coisa ruim. Aí fiquei com ele. Depois ele entrou no Daime, botou nós e eu tô feliz de tomar este líquido. Quem não provou, venha provar, esta bebida que aqui está.”

No site Daime foi publicada uma gravação de "A Mensagem" realizada por Roberval Raulino na noite de velório de sua querida mãe no Céu do Mapiá. Estamos disponibilizando aqui uma gravação especial do hinário da Madrinha Cristina na voz apenas de sua filha Rutilene, para estudos, e também os hinos presenteados à Madrinha em gravação realizada na Igreja do Céu do Mar, no Rio de Janeiro. Para obterem os downloads das mp3 com cadernos e cifras cliquem em: