28/06/2007

"Naturalmente" a Paz!

foto: Luis Eduardo Pomar


"Eu aprendi neste mundo
Não fazer mal a ninguém
E desejo demonstrar
Belezas que meu Pai tem

Este Santo Soberano
De poder universal
Quem destrói a natureza
Está ferindo o nosso Pai

O nosso Pai e nossa Mãe
Nos olham todo momento
Nos dá tudo em abundância
A saúde e o alimento

Quem não reconhece a força
Do Divino Onipotente
Está vivendo no escuro
E caminhando inconsciente."

("Demonstração", hino 02 da "Nova Era" do Padrinho Alfredo)

O fotógrafo Luís Eduardo Pomar, em seu excelente blog, explica melhor:

Alfredo Gregório de Mello, junto com seu pai Sebastião Mota de Melo, são os principais responsáveis pela expansão do Santo Daime mundo à fora. Hoje pode-se tomar o Daime na Holande e na Espanha legalmente. Muitos outros países estão em processo de legalização. À partir de 1996, Alfredo Gregório vêm também expandindo e desenvolvendo comunidades do Santo Daime no Vale do Juruá, Amazônia. Como ele diz: "Uma árvore quanto mais põe seus galhos e ramos pra cima, também deve pôr suas raízes para dar sustentação fundo na terra." A expansão do Santo Daime mundo a fora não teria sustentação necessária se não fosse também aprofundado como raízes de uma árvore, para dentro do seu berço natural, a Amazônia.

Em entrevista a Tetê Paz Leme (disponível em formato pdf), Padrinho Alfredo narra a trajetória espiritual de seu pai e do Cefluris, na ocasião da abertura do "Céu do Juruá" no antigo seringal onde ele nasceu:

A finalidade e objetivo de estar lutando e trabalhando para me aproximar deste lugar, é tanto pelas lembranças antigas de um berço, de um nascimento material muito importante, assim como o grande berço do nascimento espiritual, do conhecimento espiritual do Sebastião, do meu pai. Foi lá onde ele, aos 25 anos, se encontrou desenvolvido e apesar do seu desenvolvimento ter levado uns 10 anos, desde os 8 ele já tinha um chamado muito importante para os conhecimentos espirituais. A partir desta data até os 25 anos, tornou-se uma pessoa conhecida naquela área como um bom curador do seringal, aonde não podíamos esperar nenhum outro recurso, nem médico e nem mesmo outros curadores. Ali estava Sebastião Mota de Melo tratando de uma massa de gente, onde se podia contar com oito ou dez pessoas toda semana na sua casa, presenciando e participando do seu trabalho de mesa branca, do seu trabalho mediúnico e instruções esotéricas, assim como conselhos e remédios que eram passados pela mão daquele aparelho tão importante, através de guias muito considerados, como o professor Antônio Jorge, José Bezerra de Menezes, a irmã Maria Amélia, Antônio Mendiares... e outros. Neste lugar, levou muitos anos fazendo esse atendimento àquele povo necessitado e trabalhando para educar sua família, o que não lhe era bastante suficiente. No desejo de botar os filhos para estudar, de aprender outras sabedorias que, sem dúvida, ele iria encontrar, é que Sebastião Mota fez sua grande canoa, fez seu rumo, aprontou seu varejão, aprontou sua linha de cisga e arrumou tudo dentro da canoa, com tolda de palha, colocando toda sua família, sua esposa e seus filhos, e partiu para o Cruzeiro do Sul. Foi uma caminhada de aproximadamente um mês ou um mês e meio, navegando de forma primitiva como ele navegou, para chegar ao ponto em que se encontrava o primeiro pouso, o primeiro campo de arriação. Então, levamos quase dois meses subindo o rio Juruá, palmilhando as praias, palmilhando os barrancos e atrevessando de uma praia prá outra de remo e sempre aquele homem com aquela corda nas costas, puxando uma canoa de mais de uma tonelada de peso, para assim poder nos levar a uma outra cidade, que foi Rio Branco. Sendo que a nossa caminhada da floresta até o Cruzeiro do Sul tem um conteúdo histórico muito importante, que posteriormente poderemos detalhar, coisas que vão somar na compreensão de toda essa história. Chegando a Rio Branco, ele procurou uma dica que teria recebido de seu Mestre desenvolvedor , Mestre Oswaldo. Ele procurou essa casa espírita, que veio mais tarde encontrar, a casa do senhor Raimundo Irineu Serra, o Mestre Irineu. Daí ele iniciou com mais graus de conhecimento, com mais altura espiritual, o conhecimento da doutrina do Santo Daime, que levou o nome de CEFLURIS, Centro Eclético de Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra, que lhe elevou para um ponto de tranquilidade, de calma e sabedoria e com isso foi iniciada uma congregação, onde ingressou muita gente. Hoje estamos com essa força, unindo esta força, não só de parentes como de amigos que acreditaram neste padrinho , acreditaram neste homem, neste pastor espiritual e que estamos juntos formando a corrente de união para a reabertura deste lugar que há tanto tempo ficou parado, ficou bruto na floresta como um encanto, como uma dádiva encantada, deixada ali por Sebastião Mota de Melo.

Alfredo Gregório e Reinaldo Bento em feitio, foto de Saulo Petean, anos 80

Numa produção do Céu da Lua Cheia, o cd "Naturalmente" foi gravado em estúdio no ano 2000, trazendo uma seleção de hinos do Padrinho Alfredo, e representou uma nova proposta de veiculação e registro da Cultura do Santo Daime, com arranjos especiais desvinculados da pauta rítmica normal de um festejo bailado, o que só havia ocorrido antes na gravação que Ney Matogrosso fez do hino "Oh Lua", aliás também parte desta seleta. Em setembro do ano passado, preparando aiauasca com os índios hunikuins do Alto Purus, um deles colocou uma fita cassete para tocar e lá estava o Walfredo cantando "O Sol Raiou", que eles escutavam com muito apetecimento. O que significa que esse trabalho vem cumprindo sua função. O Padrinho Alfredo Gregório, em sua liderança internacional, muitas vezes injustamente atacado perante a opinião pública por haver enfrentado a pós-modernidade e descortinado horizontes até então impensáveis para as outras seitas do Daime, se defende justamente pelos argumentos preciosos que a missão a ele confiada re-significa, e vem se precavendo dos descalabros de muitos de seus pretensos seguidores através do seu próprio exemplo, constante, de um contínuo aperfeiçoamento pessoal e uma ponderada condescendência para com as mazelas que a humanidade espera ter sanadas. Talvez assim esteja alcançando aquilo que São Francisco de Assis pregava como requisito para o desenvolvimento espiritual: a inofendibilidade, ou seja, ser totalmente refratário às ofensas, como me ensinou o irmão Beto Mancini.

As faixas deste compact-disc são as seguintes:

01 - Ligação Divina (hino 10)
02 - O Poder do Sol (hino 16)
03 - Conforto (hino 26)
04 - O Sol Raiou (hino 39)
05 - Vejo o Brilho (hino 40)
06 - O Sol Nasceu (hino 41)
07 - Na Potência da Lua (hino 55)
08 - Oh Lua (hino 57)
09 - Do Infinito do Astral (hino 75)
10 - Esta Luz que nos Clareia (hino 85)
11 - Som da Cachoeira (hino 116)
12 - Abelhinha (hino 137)
13 - Naturalmente (hino 146)
14 - Minha Rosa do Jardim (hino 154)
15 - Demonstração (hino 02 da "Nova Era")

Para extrair o download das faixas mp3 deste cd, clique em:

Um comentário:

Erika Barreto disse...

Oi,
Gostei desse hino!! =)
Gostei da idéia do blog também! =))
[]s