O velho Manoel Corrente contava que havia entrado para o Cefluris por ordem do próprio Presidente do Ciclu, Leôncio Gomes, e da viúva do Mestre, Madrinha Peregrina. Nascido em Corrente, no Piauí, e vindo para os sertões do Rio Iaco, no Acre, na década de 1930, para trabalhar com a extração do látex da seringa, ele conheceu pessoalmente o Mestre Irineu mas não chegou a tomar Daime com ele: foi apenas depois do filho Francisco começar a participar do Alto Santo, em novembro de 1971, já quando Leôncio Gomes ocupava a direção dos trabalhos, que Manoel Corrente ingressou nas fileiras do centro. Em 1974, após a separação havida por parte dos fundadores do Cefluris, ele foi ter com os dirigentes do Alto Santo para pedir aconselhamento e eles recomendaram que ele e sua família ficasse ao lado de Sebastião Mota de Melo para apoiá-lo em seus trabalhos. Assim, a família Corrente, qual verdadeiro clã conjuntamente com as famílias Mota e Carneiro, passou a ser um dos alicerces espirituais do Cefluris.
Além dos filhos (Francisca, Dalvina, Albertina, Francisco, João, José, Maria e Raimunda) com a esposa Dona Maria, Manoel Corrente foi também pai adotivo de duas crianças mais velhas que haviam perdido a mãe tragicamente na vida do seringal, o que demonstra a prevalência de seu coração paternal muito antes de conhecer a Doutrina. No Cefluris, quando o pessoal do Padrinho Sebastião foi abrir sua colocação no Seringal Rio do Ouro, foi comandante da comunidade na Colônia Cinco Mil antes desta passar para a direção do Padrinho Wilson. Depois disso foi um dos fundadores do Mapiá, e nos anos noventa, havendo falecido o Padrinho Sebastião, ficou como seu representante perante a irmandade, só não viajando o tanto que gostaria pelos demais centros por motivo da idade avançada que fazia dele o mais velho morador do Céu do Mapiá.
Em homenagem ao Padrinho Corrente, assim escreveu Antoine Yan Monory:
Ele era uma pessoa de disciplina, que não gostava de ver as pessoas brincar com a espiritualidade, sendo que ele era um esteio espiritual importante da Corrente de Luz da qual participava. Temos uma lembrança querida deste nosso velho, sendo que foi ele, quando das primeiras vezes que nos deparamos com o Sagrado Feitio do Daime, que nos ensinou a cuidar das folhas da Rainha, com todo carinho e atenção "como há de ser". Era lavando, várias lavagens, fiscalizando de alguma forma a catação das mulheres, na força das águas doces, sob a luz do Sol ou do luar, e a luz do Divino Mestre... Foi ele quem zelou mesmo das folhas, durante muitos anos, pondo-as aconchegadas nas folhas de bananeira, as regando sempre, por vezes escondidas em recantos discretos sob a sombra fresca da verde e amorosa floresta. Isto há de ser lembrado!...
Ele falava uma coisa muito boa para nós lembrarmos agora, sendo quase um hai-kai taoísta (uma frase ou idéia curta, de caráter enigmático, tendo um significado espiritual para destrinchar), de que QUEM ESTÁ CERTO ESTÁ ERRADO, E QUEM ESTÁ ERRADO ESTÁ CERTO. Podemos relacionar isto com a temática das normas de ritual, ou das formas "certas" ou apropriadas de agir de modo geral, e assim às vezes uma pessoa parece estar "errada" mas está certa porque está seguindo o seu coração, a sua intuição, o seu próprio destino...
Nos últimos tempos da sua vida, estando doente materialmente, ele pode visitar e receber ajuda da casa da Irmã de Caridade Francisca Gabriel, como é chamada, e assim comprovando o valor de uns para com os outros... Ele gostou de lá, e falou que o Mestre era único!
Este humilde "Mestre", na sua Linha, estava justamente lutando para a sua saúde, e ele não queria e não achava que era o momento de partir ainda, até pouco tempo antes do seu desencarnar. Eram desta forma sempre realizados muitos trabalhos de cura e atendimentos para ele. Porém, dentro desta luta, ele chegou num ponto em que decidiu ir mesmo... Foi antes do São José de 1996, e ele foi chamando as pessoas, uma por uma, falando que era para parar de rezar para ele ficar, que era a sua hora... Mas não foi neste dia ainda, de São José, e ele até teve uma melhora. Passou alguns dias ele recolhido, como sempre bem lúcido em todos estes tempos, comunicando as suas últimas diretrizes e mensagens de Luz.
Chegou o dia de Sábado, ele olhou para a luz do dia e falou: - "Que dia bonito, eu quero ir é hoje!...", e estava dando um céu azul especial, bonito mesmo. Ele ficou olhando o tempo todo pela janela. Chegou uma pessoa próxima, se atuou, começou a cantar, e ele começou a cantar também os seus hinos. Cantou o "Caboclo Guerreiro", e ele foi assim mesmo, cantando com força e com fé, na sua passagem de Mestre (se fala que na mesma hora alguém soltou um foguete na vila...). Esta é digna de ser comparada às passagens dos Mestres orientais, que desencarnam de forma consciente, em "sámadhi", ou êxtase místico... sendo no caso do Daime, este mesmo "sámadhi" alcançado através dos hinos. Esta passagem é própria também dos "homens de poder", como os anciãos, os velhos xamãs das tribos norte-americanas, por exemplo, os quais sabem e podem escolher o melhor dia para atender o chamado do "mundo dos espíritos".
Este nobre homem nasceu o dia de São Miguel, em 1911, e desencarnou num Sábado, dia também de São Miguel na semana, o dia 23 de Março, dentro do período da Quaresma. "
Maria Alice Freire, responsável pela casa de cura que leva o nome do Padrinho Corrente na Vila Céu do Mapiá, relata a participação fundamental do "Vô Corrente" na abertura dos trabalhos de umbanda no âmbito do Cefluris:
Quando eu cheguei no Mapiá, que o Padrinho Sebastião mandou eu ir para a mata, abrir uma clareira lá junto com o Vô Corrente, para poder chamar os caboclos para curar os doentes, aquilo me surpreendeu, porque eu pensava... Não só pensava, como disse a ele: "Mas, Padrinho, para que o senhor precisa de caboclo? O senhor já tem tudo: já tem a Luz, a Verdade, a Justiça, a Sabedoria, o Amor, tudo na sua mão". Ele disse: "Mas eu preciso dos caboclos, minha filha! Porque meu povo não tem capacidade de acompanhar a luz do Daime e os caboclos é que vão me ajudar a limpar o canal do meu povo, para ele poder acompanhar a luz do Daime". Então, essa clareza ele me deu da dimensão exata daquele trabalho – conforme foi que os caboclos fizeram comigo: essa limpeza, esse aparelhamento, essa compreensão, essa caridade. Tudo isso que é um bê-a-bá muito simples: a pessoa se entregar ali na mão daquela entidade, para ela vir aparelhar e fazer a caridade. O trabalho com o pensamento, tudo isso é o bê-a-bá da história: a fé, a entrega, a caridade; a humildade que é preciso ter, porque se a pessoa se engrandece, aparelha outras coisas que não são os guias de cura, que são aqueles trapaceiros, aqueles embusteiros que vêm. A pessoa já tendo aquela instrução de base, quando entra no Daime, já tem mais condições no plano material dela para poder lidar com tudo aquilo. O Padrinho também tinha isso, também se desenvolveu numa banca espírita, já trabalhava com os guias dele de cura antes de chegar no Daime – então ele tinha essa clareza, de como isso facilita a vida da pessoa dentro do Daime. Muitas vezes a pessoa vai dentro do Daime se conhecer, vai saber que já tem relação com aquelas falanges e entidades de outras vidas, então já traz de outro tempo aquela missão. Tudo o Daime vai nos ensinar: a aparelharmos o nosso Eu Verdadeiro, o nosso Eu Superior, que é o principal e único verdadeiro aparelhamento que devemos conservar para sempre, né? O resto, são tudo alianças espirituais.
Quando eu cheguei no Mapiá, que o Padrinho Sebastião mandou eu ir para a mata, abrir uma clareira lá junto com o Vô Corrente, para poder chamar os caboclos para curar os doentes, aquilo me surpreendeu, porque eu pensava... Não só pensava, como disse a ele: "Mas, Padrinho, para que o senhor precisa de caboclo? O senhor já tem tudo: já tem a Luz, a Verdade, a Justiça, a Sabedoria, o Amor, tudo na sua mão". Ele disse: "Mas eu preciso dos caboclos, minha filha! Porque meu povo não tem capacidade de acompanhar a luz do Daime e os caboclos é que vão me ajudar a limpar o canal do meu povo, para ele poder acompanhar a luz do Daime". Então, essa clareza ele me deu da dimensão exata daquele trabalho – conforme foi que os caboclos fizeram comigo: essa limpeza, esse aparelhamento, essa compreensão, essa caridade. Tudo isso que é um bê-a-bá muito simples: a pessoa se entregar ali na mão daquela entidade, para ela vir aparelhar e fazer a caridade. O trabalho com o pensamento, tudo isso é o bê-a-bá da história: a fé, a entrega, a caridade; a humildade que é preciso ter, porque se a pessoa se engrandece, aparelha outras coisas que não são os guias de cura, que são aqueles trapaceiros, aqueles embusteiros que vêm. A pessoa já tendo aquela instrução de base, quando entra no Daime, já tem mais condições no plano material dela para poder lidar com tudo aquilo. O Padrinho também tinha isso, também se desenvolveu numa banca espírita, já trabalhava com os guias dele de cura antes de chegar no Daime – então ele tinha essa clareza, de como isso facilita a vida da pessoa dentro do Daime. Muitas vezes a pessoa vai dentro do Daime se conhecer, vai saber que já tem relação com aquelas falanges e entidades de outras vidas, então já traz de outro tempo aquela missão. Tudo o Daime vai nos ensinar: a aparelharmos o nosso Eu Verdadeiro, o nosso Eu Superior, que é o principal e único verdadeiro aparelhamento que devemos conservar para sempre, né? O resto, são tudo alianças espirituais.
São os seguintes os hinos ofertados ao Padrinho Corrente que compõem o caderno intitulado "Caboclo Guerreiro" narrando um pouco da trajetória espiritual desse bravo guerreiro, trabalhador das matas, chamado Manoel Corrente da Silva:
01 - Saí por uma Estrada (Graça Nascimento)
02 - Peço e Rogo (Madrinha Maria Corrente)
03 - Balança do Julgamento (Regina Pereira)
04 - Beija-flor (Ângela Pimenta)
05 - Rainha da Luz (Luiz Lopes)
06 - Caboclo Guerreiro (Eduardo Ferreira)
07 - Santo Deus (José Kleuber)
08 - O Relho (Nonato Teixeira)
09 - Eu Peço (Isabela Coutinho)
10 - Com Jesus (Paulo Roberto)
11 - Minha História (Alex Polari)
12 - Grande Estudo (Vera Gall)
13 - Peço Força a meu Pai (Maria Cristina Santos)
14 - Vim Apurar (Beto)
15 - Comparecer (Fausto)
16 - Vamos Agradecer (Edimar)
17 - Corrente (Baixinha)
18 - Como eu amo o meu Padrinho (Baixinha)
19 - Caboclo Estrada Frente (Maria Alice)
20 - Sou o Daime (Neiva)
21 - Construção do Templo (Vera Fróes)
22 - Chuva Divina (Bernardo Albino)
23 - Alerta Geral (Joaquim Carvalho)
24 - Caboclo Afirma o Ponto (Cecília)
25 - Linha de Umbanda (Vera Apolônio)
26 - Bom Curador (Susana)
27 - Estrela do Oriente (Beatriz Vidal)
28 - São Miguel (Cristina Motta)
29 - Cruzeiro Iluminado (Eduardo Gabrich)
30 - Viva o Padrinho (Pedro Malheiros)
31 - Silêncio (Manoel Paulo)
32 - Luz do Espírito Santo (Noêmia Cotrim)
33 - Guerreiros do Amor (Joana Palhares)
34 - Caboclo Bom (Elisabete)
35 - Vou Chamar (Nonato Teixeira)
36 - O Velho (Alessandra)
37 - Festa de São Miguel (Maria Brilhante)
38 - Mais Um (Padrinho Alfredo)
39 - O Plantar e Colher (Júlio César)
40 - Estrela Guia (Luciana Rocha)
41 - Grande Rei (Luiz Roque)
42 - Irmãos em Cristo (Gilda Guilhon)
43 - No Infinito do Espaço (Sônia Palhares)
44 - É Pra Você (Conceição Carvalho)
45 - Quebra Demanda (Conceição Carvalho)
Para baixar as mp3 do hinário "Caboclo Guerreiro", em gravação especial na Vila Céu do Mapiá, clique em:
01 - Saí por uma Estrada (Graça Nascimento)
02 - Peço e Rogo (Madrinha Maria Corrente)
03 - Balança do Julgamento (Regina Pereira)
04 - Beija-flor (Ângela Pimenta)
05 - Rainha da Luz (Luiz Lopes)
06 - Caboclo Guerreiro (Eduardo Ferreira)
07 - Santo Deus (José Kleuber)
08 - O Relho (Nonato Teixeira)
09 - Eu Peço (Isabela Coutinho)
10 - Com Jesus (Paulo Roberto)
11 - Minha História (Alex Polari)
12 - Grande Estudo (Vera Gall)
13 - Peço Força a meu Pai (Maria Cristina Santos)
14 - Vim Apurar (Beto)
15 - Comparecer (Fausto)
16 - Vamos Agradecer (Edimar)
17 - Corrente (Baixinha)
18 - Como eu amo o meu Padrinho (Baixinha)
19 - Caboclo Estrada Frente (Maria Alice)
20 - Sou o Daime (Neiva)
21 - Construção do Templo (Vera Fróes)
22 - Chuva Divina (Bernardo Albino)
23 - Alerta Geral (Joaquim Carvalho)
24 - Caboclo Afirma o Ponto (Cecília)
25 - Linha de Umbanda (Vera Apolônio)
26 - Bom Curador (Susana)
27 - Estrela do Oriente (Beatriz Vidal)
28 - São Miguel (Cristina Motta)
29 - Cruzeiro Iluminado (Eduardo Gabrich)
30 - Viva o Padrinho (Pedro Malheiros)
31 - Silêncio (Manoel Paulo)
32 - Luz do Espírito Santo (Noêmia Cotrim)
33 - Guerreiros do Amor (Joana Palhares)
34 - Caboclo Bom (Elisabete)
35 - Vou Chamar (Nonato Teixeira)
36 - O Velho (Alessandra)
37 - Festa de São Miguel (Maria Brilhante)
38 - Mais Um (Padrinho Alfredo)
39 - O Plantar e Colher (Júlio César)
40 - Estrela Guia (Luciana Rocha)
41 - Grande Rei (Luiz Roque)
42 - Irmãos em Cristo (Gilda Guilhon)
43 - No Infinito do Espaço (Sônia Palhares)
44 - É Pra Você (Conceição Carvalho)
45 - Quebra Demanda (Conceição Carvalho)
Para baixar as mp3 do hinário "Caboclo Guerreiro", em gravação especial na Vila Céu do Mapiá, clique em:
Conheça também a obra da Santa Casa de Cura Padrinho Manoel Corrente, e seja mais um colaborador!...
7 comentários:
Boa noite, irmãos.
Venho por meio deste avisá-los que o link do 24 ao 45 não está funcionando.
Um grande abraço e parabéns pela iniciativa!
André Luiz - Lua Cheia
poxa galera to esperando ainda a segunda parte pra mim baixar aqui em casa, essa gravação tá bacana e a primeira sem a sugunda não é ...
Força na missão!
Tiago Jun
Céu de Belém
Responsáveis pelo blog, postem novamente no media fire esta pérola, segunda parte , e muito agradecido!
Irm�o administrador do blogger,
Informo que o hino 24 a 45 n�o est� dando para baixar.
Queria mto ele completo, pq i in�cio est� demais. O de cura do Pad. Sebastição e a Oração tbém não estão funcionando.
Obrigada por esse primor de site em prol da irmandade.
Beijos e mta luz
Bom, vou reforçar a mensagem dos irmãos aí em cima... Aqui é o único lugar onde encontrei uma boa gravação do Pad. Corrente... A gravação q todos têm é mto ruim!
Se der pra agilizar a segunda parte, vai ser ótimo!
Além disso, parabés pelo blog, mto bom!
qualquer coisa meu email é cecimelo@gmail.com.
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